quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Conhecereis a Verdade

Conhecereis a Verdade e a Verdade vos tornará livres (Jo 8,32)


É este o mote orientador da singular selecção e edição de textos realizada pelo nosso bom amigo Mateus Soares de Azevedo na publicação Ye Shall Know The Truth: Christianity and The Perennial Philosophy. Fazemos também nossas as palavras encontradas por alguns proeminentes tradicionalistas para descrever esta criteriosa e significativa compilação de artigos sobre o cristianismo e a filosofia perene:

"Santo Agostinho disse: 'Aquilo que hoje se chama de religião Cristã também existiu entre os Antigos, e não esteve ausente da humanidade desde os tempos da sua origem até ao tempo em que Cristo se tornou carne. A verdadeira religião, a qual já existia, passou a ser chamada de Cristianismo'. É mérito desta extraordinária antologia que, extraída das melhores fontes, nos possamos relembrar que o Cristianismo e a Philosophia Perennis (Filosofia Perene) falam numa mesma voz, a voz do Eterno." (Jean-Baptiste Aymard, co-autor de Frithjof Schuon: Life and Teachings)

"Esta compilação de ensaios aponta para o coração esotérico e gnóstico dos ensinamentos Cristãos, enquanto realça as formas tradicional, escritural e litúrgica através das quais este coração animou a Igreja e os seus fiéis. Este volume é por conseguinte um muito-necessário antídoto para a miopia fundamentalista e para a imoderação modernista: este volume rompe concepções exteriores e convencionais do Cristianismo enquanto sustenta a profundidade espiritual e a integridade sagrada da dádiva de Cristo ao mundo." (Patrick Laude, Georgetown University, autor de Singing the Way: Insights in Poetry and Spiritual Transformation)

"Relativamente à importância contemporânea sobre a qual o livro oferece algumas perspectivas encorajadoras está a questão das relações entre o Cristianismo e o Islão. Também aqui o editor exumou contribuições que, muitas vezes de formas inesperadas, projectam uma luz significativa." (William Stoddart, extracto do preâmbulo da obra)

"Não conheço antologia comparável que trate especificamente a tradição Cristã. A selecção de contribuições individuais para o volume é de primeira qualidade." (Alberto Martín, autor de Por el Camino de Santiago: reflexiones sobre filosofia, arte e espiritualidade)

Conteúdo da antologia:

Forward – William Stoddart
Introduction – Mateus Soares de Azevedo

I. Foundations
1. The Question of Evangelicalism – Frithjof Schuon
2. The Veil of the Temple: A Study of Christian Initiation – Marco Pallis
3. Mysticism – William Stoddart

II. Spirituality
4. The Power of the Name: The Jesus Prayer in Orthodox Spirituality – Bishop Kallistos Ware
5. The Rosary as Spiritual Way – Jean Hani
6. The Virgin – James S. Cutsinger

III. Sacred Art
7. The Royal Door – Titus Burckhardt
8. Shakespeare in the Light of Sacred Art – Martin Lings
9. Theology of the Icon – Jean Biès
10. Are the Crafts an Anachronism? – Brian Keeble

IV. Comparative Religion
11. Paths that Lead to the Same Summit – Ananda K. Coomaraswamy
12. A Christian Approach to the Non-Christian Religions: All Truth is of the Holy Spirit – Bernard Kelly
13. The Christians of Moorish Spain – Duncan Townson
14. The Bishop of Tripoli – Duke Alberto Denti di Pirajno
15. The Monk and the Caliph – Angus Macnab

V. The Universality of the Christian Mystics
16. Saint Bernard – René Guénon
17. Characteristics of Voluntaristic Mysticism – Frithjof Schuon
18. Sages and Saints of Our Epoch in the Light of the Perennial Philosophy – Mateus Soares de Azevedo

VI. The Modern Deviation
19. The Abolition of Man – C. S. Lewis
20. The End of Tradition – Rama P. Coomaraswamy
21. The Dragon that Swallowed St. George – Whitall N. Perry
22. Christendom and Conservatism – Titus Burckhardt

Acknowledgments
Notes on Contributors
Biographical Notes
Index

sábado, 24 de outubro de 2009

Divulgação: Dança Tradicional


"De acordo com os livros sagrados da Índia, a dança tem uma origem divina.

Parvati inventou a graciosa dança «lasya» e o seu esposo Shiva-Nâtarâja, o rei da dança, rivalizou com ela com o modo viril «tandava». O espectáculo encantou todos os deuses, os quais pediram a Brahma, o Criador, que revelasse alguns elementos deste conhecimento entre os homens.

Brahma ensinou-os ao sábio Bharata, que os codificou num tratado em sanskrito: o Nâtya-Shâstra, há cerca de 2000 anos. Refere-se, geralmente, que terá sido escrito entre o séc. II a. C. e o séc. II d. C. O sábio Bharata é, sem dúvida, um ser mítico: o seu nome, segundo os historiadores modernos, será composto pela primeira sílaba das palavras «bhâva», «râga», e «tâla», que significam: emoção, melodia e ritmo, as três qualidades essenciais da dança na Índia.

O Nâtya-Shâstra, considerado como o quinto Veda, é uma obra enciclopédica que reúne todos os conhecimentos relativos à dança, ao canto, à música, à poética, à recitação e à arte do teatro.

Diferentes regiões da Índia desenvolveram o seu próprio estilo clássico. O Bharata Natyam, no sul, é um dos mais antigos. Tendo permanecido fiel às regras enunciadas no Nâtya-Shâstra, dividiu-se em vários ramos, tais como a célebre escola de Pandanallur (aldeia situada perto de Tanjore, Tamil Nadu). Saído desta escola, o mestre Natyakalanidi Meenakshi Sundaram Pillai foi uma figura essencial na renovação desta dança nos anos 40. Ele é descendente dosquatro irmãos Tanjore (Quarteto Tanjore Brothers) que fixaram a forma do recital de Bharata Natyam tal como o podemos ver hoje em dia, do Alaripu ao Tillana. Entre os seus discípulos, é de referir Ram Gopal, que se destacou pela sua carreira internacional, bem como o casal U.S.Krishna Rao e Chandra Bhaga Devi, célebres pelos seus escritos e composições.
"

Retirado de Tarikavalli.com


Mais informação:

domingo, 11 de outubro de 2009

Palavras Trovão

É geralmente aceite que o homem é capaz de acreditar sem compreender; no entanto, temos menos presente a possibilidade inversa, isto é, que ele possa compreender sem acreditar, algo que nos surge como uma contradição, uma vez que a fé aparenta ser necessária apenas para aqueles que não compreendem. No entanto, a hipocrisia não é apenas a dissimulação de quem se mostra melhor do que verdadeiramente é; ela também se manifesta na desproporção entre a certeza e o comportamento e, neste sentido, os homens são na sua maioria mais ou menos hipócritas, na medida em que proclamam admitir verdades que não mais do que muito debilmente põem em prática. No plano da simples crença, crer sem actuar em consonância com os ditames do que se acredita corresponde, no plano intelectual, a uma compreensão sem fé e sem vida; pois acreditar de verdade implica uma identificação com a verdade aceite, seja qual for o nível desta aderência. A piedade está para a crença religiosa como a fé operativa está para a compreensão doutrinal ou, podemos acrescentar, como a santidade está para a verdade.

Frithjof Schuon – Logic and Transcendence

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Sabedoria invencível

Ao longo do percurso trilhado pelos caminhantes que anseiam subir a montanha da Sabedoria e alcançar o seu cume, a Verdade, uma das dificuldades que surge com maior frequência é a constante tendência para a dispersão; é como se alguém nos tivesse explicado o caminho e nós, deslumbrados com a abundância e variedade de tudo o que o rodeia, o tivéssemos subitamente esquecido e nos encontrássemos perdidos sem saber em que direcção retomar a caminhada. Este desvio tem graves consequências e, por vezes, implica um regresso ao ponto de partida, altura em que é necessária uma grande determinação para nos lançarmos de novo ao nosso derradeiro objectivo.

Esta tendência pode surgir manifestada nos próprios hábitos de leitura e pela preferência dada a obras de grande complexidade, muitas vezes sem grande profundidade, nas quais o desafio intelectual que é a sua compreensão e a informação obtida pela sua leitura, se confundem com aquilo que verdadeiramente importa. Tornamo-nos numa espécie de idólatras do conhecimento. É bem sabido que conhecimento não é sabedoria; e é esta última o objectivo da nossa caminhada. Podemos, sem grande risco de faltar à verdade, afirmar que há muito que este é um dos graves problemas das nossas universidades e meios intelectuais.

Estas reflexões surgem naturalmente quando temos a felicidade de ter nas mãos duas preciosas obras que manifestam o oposto desta tendência. Obras que abordam pura e simplesmente o que é essencial. Schuon afirmava que “la essence de la connaissance et la connaissance de l’essence”, e esta essência é a Sabedoria que ansiamos atingir.

Inadvertidamente, chamamos-lhe por vezes capacidade de síntese, quando na verdade se trata de algo bem superior, algo que irrompe do sabido e do vivido, do realizado. Um dos mestres desta capacidade de “redução” à essência é William Stoddart, de quem já aqui apresentámos um livro. Desta vez chamamos a atenção para dois pequenos livros que consistem em criteriosas selecções de excertos e citações, sobretudo de fontes tradicionais de todas as grandes tradições da humanidade.

Um desses livros é o “Invincible Wisdom – Quotations from the Scriptures, Saints, and Sages of All Times and Places”. Nesta antologia de ditos, máximas e aforismos, a ideia que guiou o seu autor foi a recolha de preciosas pérolas que reflectissem valores espirituais profundos e permanentes; nas palavras do autor, “uma sucinta, mas poderosa, afirmação ‘da Verdade, do Bem e do Belo’”.

Esta afirmação não poderia deixar de reflectir os dois pólos da forma como nos é revelada, o Rigor e a Misericórdia. Aqui ficam alguns exemplos para que sintam a fragrância da Verdade que emana das palavras seleccionadas por William Stoddart.


Não cuideis que vim a meter paz na terra; não vim a meter paz, senão a espada. (Mateus 10:34)

E se o cego ao cego guiar, ambos na cova cairão. (Mateus 15:14)

Não são os seus olhos que estão cegos, mas os seus corações. (Alcorão 22:46)

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Está na natureza do bem que ele se comunique. (Santo Agostinho 354-430)

Diz-se que um dia Ânanda, o amado discípulo de Buddha, saudou o seu mestre e lhe disse: “Ó Mestre, metade da vida sagrada é amizade com a beleza, associação com a beleza, comunhão com a beleza.”
“Não digas tal coisa Ânanda!” respondeu o mestre. “Não é metade da vida sagrada, é a totalidade da vida sagrada.”
(Samyutta Nikâyâ)

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A segunda compilação de William Stoddart é o belíssimo livro “What do the Religions say about Each Other? – Christians Attitudes towards Islam and Islamic Attitudes towards Christianity”. Neste caso o autor concentra-se nas duas tradições religiosas actualmente mais relevantes no Ocidente e procura, recorrendo a exemplos escolhidos a partir das suas formas tradicionais, esclarecer e mostrar ao leitor as verdadeiras atitudes e relações que estas duas religiões mantiveram entre si ao longo dos séculos.

E Pedro abriu a sua boca e disse: “Em verdade, entendo que Deus não mostra parcialidade, e que todo aquele em qualquer nação que O tema, e faça o que é correcto, é aceite por Ele”. (Actos dos Apóstolos 10:34-35)

Em verdade, fizemos surgir um Mensageiro em todas as Nações, proclamando: serve Deus e evita falsos deuses. (Alcorão 16:36)